Premiado em Cannes, filme “Gabriel e a Montanha” participa do Festival do Rio

Premiado em Cannes, filme “Gabriel e a Montanha” participa do Festival do Rio

O longa-metragem “Gabriel e a Montanha” foi anunciado nesta terça-feira, 5 de setembro, como um dos participantes do Festival do Rio, evento internacional de cinema que ocorre entre os dias 5 e 15 de outubro. O filme, rodado em quatro países da África, participa como “Hors Concours”, ao lado de outras cinco produções nacionais. “Gabriel e a Montanha”, que retrata a viagem do economista carioca Gabriel Buchmann pela África, tem produção da TvZERO, Gamarosa Filmes e Damned Films e distribuição da Pagu Pictures. Diretor do filme, o carioca Fellipe Barbosa também dirigiu o elogiado “Casa Grande”, ganhador do prêmio do público no Festival do Rio de 2014.

“Gabriel e a Montanha” recebeu, em maio, dois prêmios no Festival de Cannes. A coprodução entre Brasil e França, que participou da prestigiada Semana da Crítica do evento, foi honrada com um prêmio de revelação, entregue ao diretor Fellipe Barbosa, e um de distribuição, que ajudou a alavancar a estreia do filme na França, em agosto último, com 15 pré-estreias em cidades francesas e a estreia comercial em 70 salas de cinema do país. O filme também já foi vendido para outros territórios, como Estados Unidos, China, Austrália e Canadá, este último com estreia prevista para outubro.

“Terminamos o primeiro fim de semana com mais de 22 mil expectadores na França, o que para a realidade do Brasil é muito bom. O filme teve uma recepção linda da crítica e espero que toda essa atenção que recebemos na França impulsione o lançamento no Brasil”, avalia Fellipe Barbosa. “A estreia na França foi linda. Tive a oportunidade de conhecer programadores e donos de salas de cinema do país inteiro apaixonados pelo filme, defendendo como se fosse deles, o que é muito emocionante.”

Gabriel Buchmann, que tem sua história retratada no longa, viajou para a África com o objetivo de analisar de perto a pobreza e se preparar para um doutorado em políticas públicas na UCLA. O carioca morreu de hipotermia, em 2009, após decidir subir o Monte Mulanje, pico mais alto do Malawi com mais de três mil metros de altitude, sem a companhia de um guia. Seu corpo foi encontrado 19 dias depois na subida da montanha. O longa tem roteiro baseado em anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África.

Na viagem, Gabriel também passou por países como Quênia e Tanzânia, sempre preocupado em conhecer as particularidades das comunidades locais, como a tribo dos Massais. Ele gastava entre dois e três dólares por dia e chegou a ajudar amigos que fez nessas regiões, pagando o aluguel mensal da casa de uma família africana com somente 12 dólares.

Ao longo da viagem, Gabriel, interpretado por João Pedro Zappa, aventura-se por outras subidas difíceis, como o Kilimanjaro, ponto mais alto do continente africano. Ele também recebe a visita de sua namorada, Cris (Caroline Abras), que estava na África do Sul participando de um seminário sobre economia.

Recepção positiva na França

A imprensa francesa foi bastante elogiosa ao filme “Gabriel e a Montanha” após a estreia por lá. O tradicional Le Mondeentendeu que “o grande mérito de Fellipe Barbosa é de saber aliar a compreensão intelectual ao gesto de compaixão por seu amigo defunto que o filme encarna”. A revista Positif avaliou que o longa-metragem “se distingue pela inteligência do seu roteiro”, enquanto o L’Express reforçou que “Barbosa reconstitui magistralmente uma viagem emocionante rumo à morte”. Trata-se de “uma homenagem perturbadora e sincera ao amigo desaparecido”, nas palavras do Cahiers du Cinéma. Já a revistaLes Inrockuptibles escreveu que “a imagem do jovem homem cujo corpo se confunde pouco a pouco com a natureza é de uma incrível poesia”.